Brasileiros descobrem evidências de exoplaneta 13 vezes maior que Júpiter
O exoplaneta foi descoberto em um sistema binário, que é composto por dois corpos celestes ligados gravitacionalmente.
Pesquisadores brasileiros identificaram sinais robustos da existência
de um objeto gigante na constelação de Cygnus orbitando um sistema
binário de uma estrela viva e uma anã branca. — Foto: (Leandro
Almeida/Divulgação)
Os astrônomos brasileiros Leonardo Andrade de Almeida e Augusto
Damineli Neto descobriram sinais da existência de um exoplaneta com
massa 13 vezes maior que a de Júpiter. A descoberta ocorreu durante o
trabalho de pós-doutorado realizado por Leonardo Almeida no exterior, em
um estudo orientado por Augusto Neto. O resultado da pesquisa foi
publicado pelo The Astromical Journal, da Sociedade Americana de
Astronomia.
Os exoplanetas são planetas que orbitam uma estrela que não seja o Sol.
No caso, a descoberta foi visualizada em um sistema binário nomeado
KIC10544976. Em entrevista à Agência Fapesp, o pós-doutorando pela
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Leonardo Andrade de
Almeida, disse que é a primeira confirmação de um exoplaneta em um
sistema desse tipo.
“Conseguimos obter evidências bastante sólidas sobre a existência de um exoplaneta gigante com uma massa quase 13 vezes maior que a de Júpiter [o maior planeta do Sistema Solar] em um sistema binário evoluído."
Uma das técnicas utilizadas para a descoberta foi a observação do
efeito da variação de luz no momento de um eclipse. Para o estudo, os
cientistas observaram a precisão do tempo em que uma estrela passa em
frente à outra e formam o eclipse, caso haja uma variação no período
orbital, é uma pista da existência de um planeta em torno das estrelas.
Porém, a observação do período orbital não é o suficiente para a
concretização da descoberta, pois, como o Sol, as estrelas também passam
por uma variação em seu ciclo de atividade magnética a cada 11 anos,
marcada por um pico e um posterior declínio das manchas solares, outras
estrelas também passam por esse mesmo processo.
Reprodução artística do sistema binário observado na NGC 7793, no qual o buraco negro está inserido. — Foto: ESO/L. Calçada
“A variação da atividade magnética do Sol e de outras estrelas isoladas causa uma alteração em seus campos magnéticos. Já em estrelas que compõem um sistema binário isso provoca uma mudança no período orbital, que chamamos de mecanismo Applegate”, afirmou Almeida.
A fim de concretizar a descoberta e colher mais provas sobre a
existência do possível exoplaneta, a equipe monitorou com telescópios
terrestres entre 2005 e 2017 e pelo satélite Kepler entre 2009 e 2013,
as duas estrelas do sistema binário, uma anã branca (estrela morta,
menor, com brilho alto e com alta emissão de energia por unidade de
tempo) e uma estrela anã vermelha (estrela viva, com massa pequena em
comparação à do Sol, baixa luminosidade e baixa emissão de energia por
unidade de tempo), gerando dados minuto a minuto.
Com os dados colhidos pelo satélite Kepler, foi possível estimar o
ciclo magnético da estrela viva, a anã vermelha e confirmar que o
fenômeno não foi causado por atividade magnética. Segundo dados
levantados pelo satélite, a atividade magnética da anã vermelha é de 600
dias, igualmente aos ciclos magnéticos medidos para estrelas isoladas
de massa baixa. Já o período orbital do sistema binário KIC10544976 é de
17 anos.
A origem do planeta que é quase 13 vezes maior que Júpiter, ainda é
incerta e, só será confirmada, quando a nova geração de telescópios
gigantes com espelhos primários maiores do que 20 metros entrarem em
operação.
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