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quinta-feira, 11 de abril de 2019

Brasileiros descobrem evidências de exoplaneta 13 vezes maior que Júpiter

O exoplaneta foi descoberto em um sistema binário, que é composto por dois corpos celestes ligados gravitacionalmente.


  Pesquisadores brasileiros identificaram sinais robustos da existência de um objeto gigante na constelação de Cygnus orbitando um sistema binário de uma estrela viva e uma anã branca. — Foto: (Leandro Almeida/Divulgação) 
Pesquisadores brasileiros identificaram sinais robustos da existência de um objeto gigante na constelação de Cygnus orbitando um sistema binário de uma estrela viva e uma anã branca. — Foto: (Leandro Almeida/Divulgação)
Os astrônomos brasileiros Leonardo Andrade de Almeida e Augusto Damineli Neto descobriram sinais da existência de um exoplaneta com massa 13 vezes maior que a de Júpiter. A descoberta ocorreu durante o trabalho de pós-doutorado realizado por Leonardo Almeida no exterior, em um estudo orientado por Augusto Neto. O resultado da pesquisa foi publicado pelo The Astromical Journal, da Sociedade Americana de Astronomia.
Os exoplanetas são planetas que orbitam uma estrela que não seja o Sol. No caso, a descoberta foi visualizada em um sistema binário nomeado KIC10544976. Em entrevista à Agência Fapesp, o pós-doutorando pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Leonardo Andrade de Almeida, disse que é a primeira confirmação de um exoplaneta em um sistema desse tipo.
“Conseguimos obter evidências bastante sólidas sobre a existência de um exoplaneta gigante com uma massa quase 13 vezes maior que a de Júpiter [o maior planeta do Sistema Solar] em um sistema binário evoluído."
Uma das técnicas utilizadas para a descoberta foi a observação do efeito da variação de luz no momento de um eclipse. Para o estudo, os cientistas observaram a precisão do tempo em que uma estrela passa em frente à outra e formam o eclipse, caso haja uma variação no período orbital, é uma pista da existência de um planeta em torno das estrelas.
Porém, a observação do período orbital não é o suficiente para a concretização da descoberta, pois, como o Sol, as estrelas também passam por uma variação em seu ciclo de atividade magnética a cada 11 anos, marcada por um pico e um posterior declínio das manchas solares, outras estrelas também passam por esse mesmo processo.
  Reprodução artística do sistema binário observado na NGC 7793, no qual o buraco negro está inserido. — Foto: ESO/L. Calçada 
Reprodução artística do sistema binário observado na NGC 7793, no qual o buraco negro está inserido. — Foto: ESO/L. Calçada
“A variação da atividade magnética do Sol e de outras estrelas isoladas causa uma alteração em seus campos magnéticos. Já em estrelas que compõem um sistema binário isso provoca uma mudança no período orbital, que chamamos de mecanismo Applegate”, afirmou Almeida.
A fim de concretizar a descoberta e colher mais provas sobre a existência do possível exoplaneta, a equipe monitorou com telescópios terrestres entre 2005 e 2017 e pelo satélite Kepler entre 2009 e 2013, as duas estrelas do sistema binário, uma anã branca (estrela morta, menor, com brilho alto e com alta emissão de energia por unidade de tempo) e uma estrela anã vermelha (estrela viva, com massa pequena em comparação à do Sol, baixa luminosidade e baixa emissão de energia por unidade de tempo), gerando dados minuto a minuto.
Com os dados colhidos pelo satélite Kepler, foi possível estimar o ciclo magnético da estrela viva, a anã vermelha e confirmar que o fenômeno não foi causado por atividade magnética. Segundo dados levantados pelo satélite, a atividade magnética da anã vermelha é de 600 dias, igualmente aos ciclos magnéticos medidos para estrelas isoladas de massa baixa. Já o período orbital do sistema binário KIC10544976 é de 17 anos.
A origem do planeta que é quase 13 vezes maior que Júpiter, ainda é incerta e, só será confirmada, quando a nova geração de telescópios gigantes com espelhos primários maiores do que 20 metros entrarem em operação.

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