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domingo, 14 de abril de 2019

Diesel atinge maior valor nas bombas em 4 meses

Litro do combustível supera R$ 3,63; intervenção de Jair Bolsonaro na Petrobras para impedir reajuste gerou críticas de especialistas


Preço do diesel não tem reajuste desde 22 de março

Preço do diesel não tem reajuste desde 22 de março

Jr Manolo/Fotoarena/Estadão Conteúdo - 26.2.2019
O preço do diesel S10, usado para o transporte rodoviário, é o mais alto desde meados de dezembro. Nas últimas semanas, o litro está custando mais de R$ 3,63, segundo dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis).
Na tentativa de evitar mais um reajuste para cima, nesta semana, o presidente Jair Bolsonaro interveio para que a Petrobras segurasse o preço e apresentasse justificativas.
A decisão gerou polêmica e fez com que as ações da Petrobras na bolsa despencassem e fechassem a semana com queda superior a 8%.
Na visão de Bolsonaro, o reajuste nas refinarias proposto pela Petrobras, de 5,7%, estava acima da inflação nos últimos 12 meses, que é de 4,58%. O preço do diesel não sofre alteração desde 22 de março.
A Petrobras se limitou apenas a dizer que "há  margem para espaçar mais alguns dias o reajuste no diesel".
No entanto, a petrolífera não tem como base a inflação para reajustar os preços dos produtos, mas sim o preço do barril de petróleo no mercado internacional e a cotação do dólar, moeda em que é negociado.
"Esse movimento de pegar o telefone e ligar para o presidente da Petrobras é o pior caminho", disse à agência Reuters o professor e pesquisador do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Edmar de Almeida.
O preço do barril de petróleo tipo Brent saltou de US$ 59 para US$ 70 nos últimos quatro meses. Já o dólar comercial saiu do patamar de R$ 3,70 para R$ 3,85.
No ano passado, a Petrobras adotou uma política de revisão praticamente diária dos preços da gasolina e do diesel, o que gerou volatilidade no valor encontrado nas bombas e motivou uma paralisação de caminhoneiros em todo o país que durou quase dez dias.
O então presidente Michel Temer criou um programa de subvenção do preço do diesel entre junho e dezembro, mas o governo Bolsonaro não deu continuidade. A companhia decidiu espaçar os reajustes.
Curiosamente, o movimento do preço médio do diesel nos Estados Unidos foi similar ao brasileiro. Em 17 de dezembro, o galão (3,78 litros) estava custando US$ 3,12.
O menor preço registrado desde então foi US$ 2,95; mas na semana passada chegou a US$ 3,09, o maior valor desde dezembro, segundo dados da Administração de Informação de Energia, ligada ao Departamento de Energia dos Estados Unidos.
A política de preços nos EUA é a mesma que serviu de modelo quando Michel Temer decidiu, em 2016, que o governo não iria mais intervir nos preços dos combustíveis.
A política de preços da ex-presidente Dilma Rousseff havia causado prejuízos bilionários à Petrobras, justamente por segurar repasses quando o valor do barril do petróleo estava em alta.
O presidente da Plural, associação que reúne as principais distribuidoras de combustíveis do país, Leonardo Gadotti, destacou em entrevista à Reuters que o mercado "estava comemorando o fato de a Petrobras ter uma política de preços moderna, com alinhamento de preços" e que agora teme a ausência de investimentos.
"Traz insegurança para esse mercado, traz insegurança para investidor".
*Com informações da agência Reuters.

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