Diesel atinge maior valor nas bombas em 4 meses
Litro do combustível supera R$ 3,63; intervenção de Jair Bolsonaro na Petrobras para impedir reajuste gerou críticas de especialistas
Preço do diesel não tem reajuste desde 22 de março
Jr Manolo/Fotoarena/Estadão Conteúdo - 26.2.2019Na tentativa de evitar mais um reajuste para cima, nesta semana, o presidente Jair Bolsonaro interveio para que a Petrobras segurasse o preço e apresentasse justificativas.
A decisão gerou polêmica e fez com que as ações da Petrobras na bolsa despencassem e fechassem a semana com queda superior a 8%.
Na visão de Bolsonaro, o reajuste nas refinarias proposto pela Petrobras, de 5,7%, estava acima da inflação nos últimos 12 meses, que é de 4,58%. O preço do diesel não sofre alteração desde 22 de março.
A Petrobras se limitou apenas a dizer que "há margem para espaçar mais alguns dias o reajuste no diesel".
No entanto, a petrolífera não tem como base a inflação para reajustar os preços dos produtos, mas sim o preço do barril de petróleo no mercado internacional e a cotação do dólar, moeda em que é negociado.
"Esse movimento de pegar o telefone e ligar para o presidente da Petrobras é o pior caminho", disse à agência Reuters o professor e pesquisador do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Edmar de Almeida.
O preço do barril de petróleo tipo Brent saltou de US$ 59 para US$ 70 nos últimos quatro meses. Já o dólar comercial saiu do patamar de R$ 3,70 para R$ 3,85.
No ano passado, a Petrobras adotou uma política de revisão praticamente diária dos preços da gasolina e do diesel, o que gerou volatilidade no valor encontrado nas bombas e motivou uma paralisação de caminhoneiros em todo o país que durou quase dez dias.
O então presidente Michel Temer criou um programa de subvenção do preço do diesel entre junho e dezembro, mas o governo Bolsonaro não deu continuidade. A companhia decidiu espaçar os reajustes.
Curiosamente, o movimento do preço médio do diesel nos Estados Unidos foi similar ao brasileiro. Em 17 de dezembro, o galão (3,78 litros) estava custando US$ 3,12.
O menor preço registrado desde então foi US$ 2,95; mas na semana passada chegou a US$ 3,09, o maior valor desde dezembro, segundo dados da Administração de Informação de Energia, ligada ao Departamento de Energia dos Estados Unidos.
A política de preços nos EUA é a mesma que serviu de modelo quando Michel Temer decidiu, em 2016, que o governo não iria mais intervir nos preços dos combustíveis.
A política de preços da ex-presidente Dilma Rousseff havia causado prejuízos bilionários à Petrobras, justamente por segurar repasses quando o valor do barril do petróleo estava em alta.
O presidente da Plural, associação que reúne as principais distribuidoras de combustíveis do país, Leonardo Gadotti, destacou em entrevista à Reuters que o mercado "estava comemorando o fato de a Petrobras ter uma política de preços moderna, com alinhamento de preços" e que agora teme a ausência de investimentos.
"Traz insegurança para esse mercado, traz insegurança para investidor".
*Com informações da agência Reuters.
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