Recém-descoberto, núcleo sólido de Mercúrio tem o tamanho próximo ao da Terra
Eu sei que estou sendo parcial aqui, mas Mercúrio é um planeta incrível e misterioso que vem oferecendo resultados bastante interessantes para os cientistas. Uma das coisas mais intrigantes, talvez, seja que ele gera seu próprio campo magnético a partir do movimento profundo no interior do planeta. A mesma coisa acontece com a Terra. A descoberta de um núcleo interno sólido de Mercúrio poderia ajudar os cientistas a entender melhor ambos os planetas.
“Um conhecimento aprimorado do tamanho do núcleo interno sólido fornece informações cruciais sobre a história do interior do planeta e, consequentemente, do seu campo magnético”, disse Antonio Genova, professor assistente da Sapienza Università di Roma e principal autor do estudo, ao Gizmodo em um e-mail. “A solidificação do núcleo tem um papel importante também no interior da Terra e na evolução do campo magnético.”
A mais recente sonda a estudar o planeta perto foi a MESSENGER — que significa “MErcury Surface, Space ENvironment, GEochemistry, and Ranging”, algo como “órbita, geoquímica, ambiente espacial e superfície de Mercúrio”, em tradução livre. Ela foi lançada em 2004 e orbitou Mercúrio entre 2011 e 2015.
Durante essa missão, a sonda obteve medidas detalhadas da superfície do planeta, campo gravitacional e rotação. Os cientistas esperavam que isso revelasse o que Mercúrio tinha no interior. Mais recentemente, os cientistas reanalisaram os instrumentos científicos de rádio da sonda, levando em conta uma nova técnica para determinar com precisão a órbita do planeta.
Isso resultou em novas estimativas para o campo gravitacional do planeta, de acordo com o artigo publicado recentemente na Geophysical Research Letters. Esses resultados demonstraram que o planeta tem um núcleo interno sólido que responde por cerca de 30% a 70% do raio total do núcleo de Mercúrio.
“Mercúrio é agora o segundo planeta rochoso — depois da Terra — em que temos evidências de um núcleo interno sólido”, disse Sean Solomon, principal pesquisador da missão MESSENGER, ao Gizmodo.
O valor não é exato, mas a mera presença de um núcleo interno sólido diz algo importante. Ela ajuda os cientistas a entender melhor como o planeta gera seu campo magnético. Na Terra, os cientistas atribuem nosso próprio campo magnético ao dínamo, calor do núcleo interno combinado com o movimento de rotação do metal no núcleo externo líquido.
O interior de Mercúrio também está esfriando, como demonstrado pelo formato do terreno gerado pela contração da superfície. O tamanho do núcleo interno sólido ajudará os cientistas a entender melhor esse resfriamento, segundo Solomon.
Mas pense no planeta em comparação com o nosso planeta: se o núcleo sólido ocupasse metade do raio do núcleo de Mercúrio, isso equivaleria a cerca de mil quilômetros, segundo cálculos do artigo. Isso seria mais de 40% do raio total do planeta, que é de menos de 2.500 quilômetros.
Por outro lado, o núcleo sólido da Terra tem cerca de 1.200 quilômetros de raio, o que representa menos de um quinto do raio total de 6.370 quilômetros do nosso planeta. Os cientistas se perguntam sobre as razões dessas diferenças.
Felizmente, há outra missão a caminho do planeta interior rochoso, a chamada BepiColombo. Esperamos que os cientistas resolvam em breve alguns dos mistérios de Mercúrio.
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