Concentração de gás carbônico na atmosfera é a maior em 3 milhões de anos
Instituto de pesquisa alerta para o aumento na concentração do gás causador do efeito estufa.
Dióxido de carbono presente na atmosfera é proveniente principalmente
da queima de combustíveis fósseis — Foto: REUTERS/Stringer
A concentração de CO2 - o principal responsável pelo aquecimento global
- atingiu o nível mais alto dos últimos três milhões de anos. O alerta é
feito por cientistas do Instituto de Pesquisa Potsdam para o
A conclusão é feita com base em um novo modelo climático desenvolvido
pela instituição alemã. Os cientistas imaginavam até hoje que a atual
concentração de dióxido de carbono na atmosfera, de 400 partes por
milhão (ppm), não era maior do que a observada há 800 mil anos, em um
período marcado por ciclos naturais de aquecimento e resfriamento da
Terra.
No entanto, amostras de gelo e sedimentos marinhos retirados do local
considerado como o mais frio do planeta mostra, no entanto, que o nível
de CO2 que existe atualmente foi pior há 3 milhões de anos, no período
chamado de Plioceno. Nesta época, as temperaturas eram, em média, de 3°C
a 4°C superiores às de hoje, vegetação crescia na Antártida e o nível
dos oceanos era 15 metros mais alto.
Segundo o coordenador deste estudo, o pesquisador Matteo Willeit, o fim
do Plioceno está relativamente próximo do período atual em termos de
concentração de gás carbônico. "Nosso modelo mostra que no Plioceno não
havia calotas glaciais no Hemisfério Norte. O CO2, muito elevado, e as
temperaturas eram muito altas para que isso acontecesse", afirma.
Lição a aprender
Para os pesquisadores, há uma lição importante para ser aprendida com a
descoberta da concentração de gás carbônico no Plioceno similar à de
hoje. Atualmente, com 1°C a mais do que na época pré-industrial, a Terra
já sofre o impacto da desregulação climática.
Segundo Martin Siegert, professor de geociência do Imperial College de
Londres, baseando-se nesses dados de 3 milhões de anos atrás, os
cientistas preveem um aumento do nível dos oceanos entre 50 centímetros e
um metro até o fim deste século.
"A 400 ppm, estamos na trajetória de um clima similar ao do Plioceno",
previne Tina van De Flierdt, professora de geoquímica isotópica no
Imperial College de Londres.
Aquecimento de 3°C a 4°C será inevitável
Os pesquisadores afirmam que a atmosfera já teve níveis de CO2 muito
superiores a 400 ppm, mas o gás levou milhões de anos para se acumular
na atmosfera. Já as emissões relacionadas à atividade humana aumentaram o
nível de CO2 em mais de 40% em um século e meio.
Com a atual concentração de CO2 em progressão, muitos cientistas acreditam que um aquecimento de 3°C a 4°C será inevitável.
O Acordo de Paris Sobre o Clima, assinado em 2015, tem o objetivo de
limitar o aquecimento do planeta entre 2°C a 1,5°C em relação à era
pré-industrial. No entanto, em 2017, as emissões de gases de efeito
estufa bateram o recorde da história da humanidade
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